Aos 56 anos de idade, o veterano Paulo Ricardo mantém a voz rouca de barítono que o consagrou como um dos vocais mais marcantes da geração roqueira dos anos 80. Na época, o estouro do grupo RPM tomou de assalto os palcos do Brasil, sendo sucesso de público e de vendas. Com apenas um disco de estúdio gravado, a banda emplacou “Rádio Pirata Ao Vivo” como o quinto álbum mais vendido da história do Brasil, com mais de 3 milhões de unidades.
O grupo passou por muitas idas e vindas ao longo de sua história. Paulo Ricardo se distanciou dos ex-companheiros de banda e seguiu carreira solo se apresentando Brasil afora. Atualmente, eles brigam na Justiça sobre o uso do nome RPM.
Em conversa com o Terra, o artista fala sobre a nova turnê, a relação com os ex-companheiros de banda, e sua amizade com Ney Matogrosso, que dirigiu o show da banda na década de 80.
Queria que você me falasse dessa nova turnê, Rádio Pirata Ao Vivo 35 anos. O espetáculo teve direção do Ney Matogrosso?
O Ney dirigiu o show em 85, estreou em 22 de setembro de 85 em São Paulo, no Teatro Brigadeiro, na véspera do meu aniversário de 23 anos. E nós vamos reeditar esse show, é como se nós estivéssemos dando continuidade à turnê, com um pequeno lapso de 35 anos. Estamos fazendo questão de manter todos os elementos “vintage”, os lasers, todas as marcações que o Ney criou, cenário, iluminação… Tudo isso faz parte da “viagem ao tempo” que a gente quer proporcionar.
E o disco segue até hoje como um dos mais vendidos da música brasileira…
E dificilmente esse recorde vai ser batido, pois não se vende mais álbum. Não se comercializa mais a música da mesma forma, então a maneira de aferir hoje é completamente diferente.
As letras, obviamente, continuam muito atuais.
Bom, esse disco em si é uma história de metalinguagem. Quando eu compus a canção “Rádio Pirata”, havia um movimento genuíno de garotos que estavam montando rádios piratas e com os colegas de faculdade, eu tive a intenção de montar uma. Agora, dentro da metáfora da canção, a nossa geração do rock nacional chegava como “piratas”, abordando o sistema e as coisas que tocavam na rádio, na época.
O RPM se reuniu com outro vocalista, vocês tiveram alguns problemas na Justiça… Como está a situação agora, principalmente com a morte do P.A.?
Tá na Justiça. Nós tínhamos um acordo que em respeito à todos e à formação original, nós só usaríamos o nome RPM se fosse a formação original. Eles estão desrespeitando este acordo, então essa história tá na Justiça. Eu acho que o importante não é o nome, são as músicas.
Muita gente comenta sobre as suas caracterizações no Show dos Famosos, principalmente a da Beth Carvalho. Você pode falar um pouco sobre isso?
Eu acho que a gente, no entretenimento, não pode ser acomodar, não pode se entediar. Tem que correr riscos, e é sempre estimulante e gratificante trabalhar com grandes profissionais. O Faustão é um grande amigo, a gente começou praticamente juntos no “Perdidos na Noite”, e eu fui um dos primeiros convidados para o “Dança dos Famosos”. Mas eu realmente não tenho esse talento, essa vivência como dançarino. Quando surgiu o convite pro Show dos Famosos, vi uma oportunidade não só de homenagear minhas grande influências, mas ao mesmo tempo ter essa vivência de ator, de poder personificar outras pessoas e trabalhar com o pessoal incrível da caracterização, do figurino, com o Simoninha.
*Terra
A turnê
“Rádio Pirata ao Vivo – 35 anos” estreou no Imperator, no Rio de Janeiro, no dia 7 de setembro, e vai percorrer o Brasil com o show original da década de 80.