O refrão “É o amor que que mexe com minha cabeça e me deixa assim”, cantado por Zezé Di Camargo e Luciano, conquista gerações há 30 anos. Ao contrário do que muita gente imagina, a canção, que marcou o início da dupla, não foi inspirada em uma história de amor dos cantores na época. Zezé a escreveu inspirado por Maria Bethânia.

“Antes de escrever É o Amor, eu estava andando na rua e pensava na música Negue, de Maria Bethânia, e justamente naquela parte: ‘Negue o seu amor e o seu carinho. Diga que você já me esqueceu’. Quando cheguei em casa, sentei no chão, peguei o violão e saiu assim: ‘Eu não vou negar que sou louco por você, tô maluco pra te ver, eu não vou negar’. Esse trecho me veio na cabeça como uma resposta à música de Maria Bethânia. Sou fanático por ela. Ela não canta, ela declama uma prece! Ela pode gravar até Mamãe eu Quero, que ficará absurdo de bom”, explica Zezé.

“Quando o Zezé começou a escrever, eu estava do lado dele. Ele colocou a alma na letra e veio tudo intuitivamente em 40 minutos. Mas ele encrencou no refrão. Ele tinha a melodia, mas a letra não vinha. Fui dormir. No outro dia, ele mostrou a música completa, que veio de madrugada para ele. Fiquei impressionado. Acrescentamos na fita cassete que a gente já tinha gravado em estúdio. Era a única música apenas em voz e violão. Antes, para não comprometer o som do vinil, tinha que gravar 12 músicas no máximo, mas o nosso saiu com 13 na compensação. Ainda bem que tinha música de 2 minutos e deu para colocar mais uma, senão É o Amor não estaria lá”, conta Luciano.

Três décadas após a chegada da música nas rádios, É o Amor acumula mais de 70 regravações, incluindo versões em hebraico e russo, somando mais de um bilhão de execuções no mundo, segundo dados do ECAD.

Sucesso

O sucesso imediato mudou por completo a vida de Zezé e Luciano, que nasceram em uma humilde família em Pirenópolis, Goiás. Na época com apenas 18 anos, Luciano relembra como foi lidar com a fama.

“O Zezé cantava há muito tempo e já vinha buscando o reconhecimento do trabalho. Mas para mim foi tudo muito rápido. Pensei em gravar e virei sucesso. Da noite para o dia, o adolescente virou o cara querido, que chegava nos lugares e gerava tumulto. Lembro que fui a um shopping em São Paulo com uma funcionária e ela saiu de lá com o cabelo todo desgrenhado porque a mulherada subia na gente. Praticamente parei o shopping. Logo de cara fomos chamados para gravar um especial de fim de ano na Globo. Eu era um menino e só pensava em comprar vídeo game, dar bicicleta para sobrinho… Não tinha noção de toda a grandiosidade que a gente estava vivendo. De certa forma, isso me ajudou a não me tornar arrogante, a não me deslumbrar. A seriedade que o Zezé levava esse momento que ele buscou por tanto tempo, me fez amadurecer rapidamente.”

*osul

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