O lendário produtor musical americano Phil Spector morreu no sábado, aos 81 anos, enquanto cumpria pena por homicídio, informou o Departamento Correcional da Califórnia neste domingo (17/1).
Produtor que introduziu métodos inovadores como a “parede de som”, trabalhou com diversas estrelas, como os Beatles em seu álbum “Let it Be”.
Ele estava preso pelo assassinato da comediante Lana Clarkson em 2003.
Em seu auge na década de 1960, ele foi o rei indiscutível dos produtores de pop e rock, cujo trabalho ajudou a definir o otimismo sem limites de uma geração.
Mas seus ternos de alta qualidade e óculos escuros, característicos do gênio, foram trocados por trajes de presidiário depois que ele foi condenado pela morte de Clarkson.
Seu falecimento foi confirmado no sábado e a “causa oficial da morte será determinada por um legista”, diz uma declaração da autoridade carcerária da Califórnia.
Nascido em Nova York em 1939 em uma família judia de origem russa, Spector tinha apenas oito anos quando seu pai cometeu suicídio, uma tragédia que o marcaria para sempre.
Sua mãe decidiu se mudar para Los Angeles para um novo começo e lá foi ele com sua irmã.
Não demorou muito para que o talento musical emergisse em um adolescente que exibia uma enorme habilidade para escrever letras e tocar violão.
Ele formou seu primeiro grupo “The Teddy Bears” com três amigos do colégio e obteve sucesso quase imediatamente com a canção de 1958 “To Know Him Is to Love Him”, o epitáfio inscrito na lápide de seu pai.
A canção alcançou o primeiro lugar no ranking da Billboard e vendeu cinco milhões de cópias.
O grupo não conseguiu repetir o sucesso e se separou no ano seguinte.
A “muralha de som”
Severamente assustado com o medo do palco, Spector lentamente começou a produzir e compor músicas, e ajudou na autoria do sucesso de Ben E. King “Spanish Harlem” em 1961.
A criação do seu próprio selo “Philles” foi o início de uma época de ouro, quando quase sozinho ele mudou a indústria da música com sua técnica “parede de som”.
Usando um grande número de músicos que tocavam as suas partes separadamente e depois as colocavam umas sobre as outras, a técnica trouxe uma qualidade orquestral única às suas produções.
Certa vez, ele a descreveu como uma “abordagem wagneriana do rock n ‘roll, pequenas sinfonias para crianças”.
“Sabia que Beethoven era mais importante do que qualquer um que tocasse a sua música”, disse. “E é o que eu queria ser”.
Máquina de sucessos
Graças ao seu trabalho com “The Crystals”, “The Ronettes” e “The Righteous Brothers”, Spector se tornou uma máquina de sucessos musicais, com títulos clássicos como “Da Doo Ron Ron”, “Then He Kissed Me”, “Be My Baby”, “You’ve Lost That Lovin’ Feelin” e “Unchained Melody”.
Os últimos artistas que assinaram para o selo Philles foram Ike e Tina Turner em 1966, mas Spector levou uma surpresa quando a canção “River Deep – Mountain High” só chegou ao número 88.
Casou-se com “Ronnie” Bennett, voz principal das Ronettes e em 1968 se distanciou da vida pública, transformado em um bilionário.
Retornou no começo dos anos 1970 com uma colaboração triunfal com os Beatles e sua “Let it Be” e depois produziu álbuns solo para John Lennon (“Imagine”) e George Harrison (“All Things Must Pass”).
À medida que os anos 1970 avançavam, tornou-se cada vez mais antissocial e foi quando começaram a se espalhar os boatos sobre suas excentricidades.
O testemunho durante seu julgamento sobre duas reiteradas cenas de fúria exibindo armas serviu para confirmar o que o mundo da música sabia há anos.
Alma atormentada
“Ronnie”, que o abandonou em 1974, relatou em sua biografia que sofreu abusos por anos, inclusive ameaças de que a mataria e exporia seu corpo em um caixão com adornos em ouro que guardava no porão.
Suas ameaças com armas se estenderam aos artistas com os quais ele trabalhava.
Supostamente, deu um disparo em um estúdio quando produzia “Rock ‘n’ Roll” para John Lennon e pôs uma arma na cabeça de Leonard Cohen durante as sessões para “Death of a Ladies Man”.
Em outro incidente, fez refém a banda punk “The Ramones” com uma arma enquanto gravavam o álbum “End of the Century”.
Algumas chaves sobre a personalidade atribulada de Spector vieram à tona em uma rara e longa entrevista ao jornal britânico The Daily Telegraph, semanas antes de Lana Clarkson morrer em sua mansão, em fevereiro de 2003.
“Sou meu pior inimigo. Tenho demônios em mim que me desafiam”, disse.
“As pessoas me idolatram, querem ser como eu, mas eu lhes digo ‘acreditem em mim, vocês não iam querer a minha vida’. Porque não tem sido uma vida muito agradável”.
“Sou uma alma muito atormentada. Nunca estive em paz comigo mesmo. Não fui feliz”.
*correiobraziliense
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