David Bowie nunca soube como sairia na foto. Sua bipolaridade artística, que lhe garantia aos mesmo tempo os mais baixos níveis de segurança pop comercial e os mais altos índices de adoração indie, não se tratava de estratégia de marketing, da qual seria acusado. Até porque a impressão era de que ele acionava o gatilho contra o próprio pé em cada transição repentina que resolvia fazer em seus discos. Logo depois de criar o culto a um personagem de outro planeta com o álbum ‘The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars’, não tinha pudores em aposentar a própria criatura já no disco seguinte, Aladdin Sane.

Bowie bombardeou as pontes que ligavam sua música a um suposto novo público por algumas vezes na vida. Em um momento específico, cansou da bolha e resolveu ser ainda maior, tocar nas rádios e fazer música pop. “Quero que faça para mim o que sabe fazer de melhor. Faça música pop”, disse Bowie ao guitarrista e produtor Nile Rodgers.

Mas Bowie tinha na cabeça o que Nile só enxergaria depois. Uma lapidada aqui, outra ali, o brilho começou a surgir. Quando terminaram o trabalho, com a guitarra de Nile dando as ordens, Bowie tinha nas mãos ‘Let’s Dance’, a música que faria o álbum homônimo de 1983 se tornar o mais vendido da história do artista, com 10,7 milhões de cópias.

*Terra

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