Anitta está fazendo sua primeira turnê europeia. Depois de ter se apresentado com grande destaque no Rock in Rio Lisboa, ela faz show em Paris nesta terça-feira (26), antes de seguir para Londres. Em entrevista exclusiva à RFI Brasil, a cantora fala sobre preconceito e diz que o povo brasileiro deve valorizar mais o que produz.
Depois de ter desembarcado vestida de Carmem Miranda dentro de um contêiner com os dizeres “Made in Brazil” no palco principal do Rock in Rio Lisboa, Anitta se apresenta na casa de espetáculos parisiense Trianon, no bairro de Montmartre. “Eu trouxe uma mistura da minha história com a história do Brasil, musicalmente falando, e do funk”, contou, pouco antes do show em Paris.
Do lado de fora, dezenas de jornalistas estrangeiros esperavam pacientemente para falar com a brasileira, que passava de entrevistas em inglês para o espanhol sem hesitar. Alguns repórteres aproveitaram a simpatia da cantora e pediram que ela mostrasse o segredo do rebolado que a tornou conhecida mundialmente, principalmente após o clipe “Vai Malandra”.
O vídeo, cujas imagens chegam a ser discutidas nas salas de aula da Sorbonne para debater temas como representação do corpo, questões de gênero e racismo, exalta a diversidade e a vida nas comunidades do Rio de Janeiro, o que fascina os estrangeiros. “Não imaginei que suscitaria tanto comentário”, afirma Anitta. “Eu só fiz uma coisa real, que já acontecia na minha adolescência, na minha infância. A galera é de lá, da comunidade. Não foi nada inventado. A celulite é minha. É tudo verdadeira naquele clipe”, explica.
Anitta chegou a ser chamada de “Beyoncé Carioca” jornal francês Le Monde. “Se alguém pode me considerar 10% da Beyoncé, eu já me sinto muito especial”, diz a brasileira ao descobrir que foi comparada com Queen B. “Ela é um ícone para mim, uma referência”.
Apesar da modéstia, a brasileira sabe que, com sua visibilidade cada vez maior no exterior, começa a se aproximar de seus ídolos. Basta lembrar que em 2017 ela foi eleita pelo ranking da Billboard como a 15ª artista mais influente nas redes sociais, ultrapassando Lady Gaga, Shakira e Rihanna.
Para ela, isso é uma prova do potencial do Brasil. “Eu acho que às vezes o brasileiro não se dá conta do próprio poder. Nós somos do tamanho de um continente e muitas vezes o próprio brasileiro não valoriza o que é seu”, comenta. “Temos que entender que essas pessoas fora do Brasil são muito incríveis, mas nós também podemos ser vistos por outras pessoas como incríveis. A gente precisa ter um pouco mais de patriotismo”, alfineta.