Nascida em 25 de dezembro de 1949, Simone Bittencourt de Oliveira chega aos 70 anos neste Natal de 2019 com ar jovial e com canto elegante, como atestado no recente show em que a artista deu voz ao cancioneiro do compositor carioca Ivan Lins.

Baiana da gema que se encontrou na cidade do Rio de Janeiro (RJ) a partir da década de 1970, Simone vem reforçando a conexão com o mundo virtual das redes sociais para entrar antenada na casa dos 70 anos.

Esse reforço talvez aguce a lembrança de que Simone tem um nome na história da MPB. A discografia que a cantora legou ao mundo da música entre 1973 e 1983 já lhe garante lugar nobre nessa história e a redime de alguns discos posteriores sem emoções reais.

De 1984 a 1989, a sedução do sucesso massivo conduziu Simone progressivamente por caminhos artísticos equivocados e, por isso, a cantora ainda paga preço muito alto entre os formadores de opinião por ter se rendido na ocasião às fórmulas do mercado da época.

Sim, a Cigarra completa 70 anos ainda às voltas com cobranças que já soam excessivas por erros já longínquos. Até porque, da década de 1990 em diante, Simone fez mais discos bons do que ruins, embora tenha seguido irregular nos palcos e estúdios. Baiana da gema – disco de 2004 com a presença e com músicas inéditas de Ivan Lins – é álbum relevante, por exemplo.

É fato que a cantora nunca mais adquiriu a densidade da fase fonográfica vivida na gravadora EMI-Odeon entre 1973 e 1980. Mas tampouco bisou os erros dos álbuns padronizados da segunda metade dos anos 1980, gravados na CBS para cumprir expectativas comerciais.

A exceção foi o álbum ao vivo Brasil – O show, lançado em 1997 com interpretações genéricas de sambas de várias épocas. Em contrapartida, o show e disco Sou eu (1992) recuperaram as emoções perdidas e se impuseram entre os melhores trabalhos da cantora.

Se o disco natalino 25 de dezembro (1995) gerou estigma ainda resistente, foi menos por conta do álbum em si – bonito, diga-se – e mais pelo marketing agressivo adotado pelo então presidente da gravadora PolyGram, Marcos Maynard, na promoção do projeto, concebido para dar a Simone o tão sonhado Disco de Diamante pelo milhão de cópias vendidas.

Dona de timbre singular, carismática, Simone continua cantando muito bem. Os tons já estão mais comedidos, mas nem por isso menos expressivos. Idolatrada por parcela do público fiel que herdou nos anos áureos, Simone precisa somente apresentar álbum à altura do (muito) que representa na história da MPB para ser aclamada como merece.

*G1

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