Em um beco pequeno e estreito no histórico bairro de Stone Town, na ilha africana de Zanzibar, um prédio antigo atrai visitantes. Fotografias desbotadas estão afixadas do lado de fora da porta. Dentro, uma galeria de fotos brilhantes e recortes de jornais antigos abre caminho para a peça central da sala: um piano preto com uma história interessante.

Um jovem zanzibarita tocou aquele piano. Seu nome era Farrokh Bulsara, mas você provavelmente o conhece melhor como Freddie Mercury.

O extravagante líder da banda de rock britânica Queen nasceu em Zanzibar, uma ilha semiautônoma na costa da Tanzânia. Este museu é dedicado à memória dele.Freddie Mercury, Queen

Freddie Mercury (ao centro) posa com os colegas da banda Queen – Brian May, Roger Taylor e John Deacon – por volta de 1973

Foto: RB/Redferns/Getty Images

Verdadeiro caldeirão de culturas e tradições, Zanzibar é conhecida por seu magnífico pôr do sol e pelas especiarias. O local cresceu em popularidade como destino turístico depois que Stone Town foi declarada Patrimônio Mundial da UNESCO em 2000.

Com “Bohemian Rhapsody”, o filme de 2018, que rendeu um Oscar a Rami Malek, por sua interpretação de Freddie Mercury, a popularidade do falecido cantor também entrou em ascensão em Zanzibar.

O empresário local Javed Jafferji é um dos proprietários do Freddie Mercury Museum. Jafferji era um estudante universitário em Londres em meados dos anos 1980, quando se tornou fã da banda. “Naquela época, poucas pessoas sabiam que [Mercury] era de Zanzibar”, contou.

Ainda hoje, muitas pessoas não conhecem as raízes zanzibaritas do cantor, diz Jafferji. Seu objetivo é colocar Stone Town no mapa da história do rock.

Talento lapidado na ilha

Farrokh Bulsara, que depois viraria Freddie Mercury, nasceu em 5 de setembro de 1946, em Stone Town.

Os Bulsara eram parsis da Índia – seguidores do zoroastrismo, uma antiga religião persa.

Acredita-se que o jovem Farrokh tenha começado a cantar no templo zoroastriano da cidade quando criança.

Na época, a comunidade parsi tinha cerca de 300 membros em Zanzibar. Hoje, apenas um punhado de parsis vive no local, e o templo está abandonado há muito tempo.Freddie Mercury

Esta foto, mostrando Freddie Mercury no seu 4º aniversário em Zanzibar, é uma das raras imagens de infância em exibição no museu

Foto: Freddie Mercury Museum Zanzibar

Freddie passou a maior parte da infância em Zanzibar e frequentou um internato na Índia. No início dos anos 1960, a família se mudou para o Reino Unido.

Menos de uma década depois, ele formou o Queen e alcançou o status de lenda do rock. O astro nunca voltou ao local de nascimento.

Honrando um herói local

Em 2002, Jafferji abriu uma pequena loja de lembranças chamada The Mercury House, em uma antiga casa da família Bulsara.

“Percebi que há história por trás desse prédio”, disse.

Quase duas décadas depois, o lançamento do filme “Bohemian Rhapsody” inspirou Jafferji a pensar grande. Uma visita surpresa a Zanzibar do guitarrista do Queen, Brian May, selou o acordo.

“Brian May tirou uma foto do lado de fora do prédio e postou em sua página do Instagram”, contou Jafferji.

O empresário e a amiga Andrea Boero, também fã de Freddie Mercury, fizeram uma parceria com a Queen Productions Ltd., no Reino Unido, para converter a Mercury House em um museu, narrando os primeiros anos de Mercury em Zanzibar. O local foi inaugurado em 24 de novembro de 2019, 28º aniversário da morte do astro.

No entanto, em março, com o surgimento da pandemia de coronavírus, o museu teve que fechar as portas. A pandemia também forçou o adiamento do lançamento do Mercury Tour, um passeio a pé guiado por pontos em Stone Town onde Mercury passou sua infância.

Apesar do revés, Jafferji e sua equipe estão otimistas com o futuro.

“Queremos realmente lembrar de Freddie Mercury em Zanzibar e na Tanzânia em geral”, diz Anam Adnan, a gerente do museu. “Queremos que as pessoas o celebrem e o amem.”

Mas celebrar Freddie Mercury em Zanzibar é complicado. Se ele tivesse voltado para lá mais tarde, provavelmente lutaria para ser aceito em uma comunidade predominantemente muçulmana, onde a homossexualidade é ilegal.

“Não damos muita atenção a sua vida pessoal, porque esse é um tópico polêmico para os zanzibaritas”, explicou Adnan. De acordo com ela, o museu se concentra na música do líder do Queen e em sua arte. “É o maior tributo que nós, como zanzibaritas, podemos fazer a ele”.

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*CNN

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