Hoje, 13 de julho de 2018, é dia de rock no Brasil! Em bom português, hoje o Brasil festeja o Dia Mundial do Rock com shows por todo o país e a edição de música inédita, Faça sua parte, composta e gravada por integrantes dos grupos CPM 22 e Raimundos.

Só que esse mundial acoplado à efeméride é mais uma força de expressão porque a data – criada em 13 de julho de 1985 pelo cantor e compositor inglês Phil Collins em momento de empolgação durante apresentação no Live Aid, festival de alcance planetário – nunca pegou efetivamente no mundo.

Não colou nem nos Estados Unidos, país onde o rock nasceu no alvorecer da década de 1950, e tampouco na Inglaterra, a filial mais importante de um gênero que uniu o mundo em torno da música, revolucionando os costumes e fundando um universo pop.

Mesmo solitário na implantação da data, festejada no Brasil desde a segunda metade dos anos 1980, o país do samba e do futebol tem pouco ou nada a comemorar hoje.

É certo que a semente do rock continua a germinar no sangue e nos hormônios de adolescentes que descobrem a cada dia o poder de alguns acordes amplificados pelo toque de uma guitarra. Alguns desses adolescentes continuarão a hastear a bandeira do rock quando se tornarem adultos e levarão adiante o legado dos pioneiros dos anos 1950.

Mesmo assim, o fato é que o rock é minoria no Brasil pop sertanejo de hoje. Também é fato que, no mundo todo, o rap tomou do rock o lugar de contestação. É com o discurso falado do rap que os jovens bradam contra tudo e contra todos que acreditam estar fora da ordem.

Nem por isso deixam de existir roqueiros no mundo todo. Só que, no exterior, eles ainda estão mais visíveis. No Brasil, os roqueiros podem não ter voltado a ter cara de bandido – como a irreverente Rita Lee sentenciou em verso de Orra meu (1980) – mas retornaram para os guetos, para as garagens, para as margens do mercado fonográfico.

Humberto Gessinger no festival 'João Rock' em 2017 (Foto: Érico Andrade / G1)

Humberto Gessinger no festival ‘João Rock’ em 2017 

A indústria da música pop no Brasil dança conforme o ritmo do funk, do sertanejo, do arrocha e até do já decadente pagode. Já o rock parece ter sumido do mapa, das rádios, dos programas de televisão, das genéricas playlists, enfim, do universo pop nacional.

Nem o ouvinte mais pessimista poderia prever tal derrocada ao longo dos anos 1980, década em que o rock ditou modas, fez cabeças e dominou as paradas do Brasil no toque de bandas relevantes como Barão Vermelho, Engenheiros do Hawaii, Legião Urbana, Paralamas do Sucesso e Titãs.

A hegemonia começou a ser diluída nos anos 1990, década áurea do pagode e da axé music, mas ainda havia rock no mainstream. A partir dos anos 2000, o rock foi progressivamente desaparecendo do mercadãopara nostalgia de quem se achava moderno na década de 1980.

O rock errou, como decretou Lobão ainda nos anos 1980? Talvez. E, se houve erro, foi ter se desconectado dos anseios da juventude, que hoje fala pelo rap e até pelo funk. Não é por acaso que, como toda minoria, o rock precisa de um dia para chamar de seu.

Hoje é dia de rock. Mas e amanhã?

*G1

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